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– De onde eram?
Os africanos, contra a sua vontade, começaram a vir para o
Brasil com mais intensidade com o avanço das plantações de cana-de-açúcar no
nordeste na segunda metade do século XVI.
Esses povos vieram de diversas partes da África com
características físicas, culturais, religiosas e línguas diferentes. Grande
parte deles vieram da costa oeste do continente africano e de regiões
localizadas ao Sul do equador, alguns grupos vieram de Moçambique na costa
leste.
Os africanos não eram conhecidos por sua etnia, mas sim pelo
nome do porto ou da região onde haviam embarcado. Assim teremos nomes de grupos
como os cabinda e os "minas" estes vindos da Costa do Marfim,
antigamente conhecida como São Jorge da Mina).
2 – Guerra e Escravidão.
O tráfico de escravos era um negócio lucrativo com africanos,
europeus e brasileiros[1]
participando. O comércio de escravos funcionava da seguinte maneira: os
traficantes forneciam tabaco, aguardente, pólvora e armas de fogo aos chefes
africanos em troca exigiam prisioneiros de guerra; de posse das armas os chefes
africanos faziam guerra obtendo prisioneiros; e por fim, esses prisioneiros
eram negociados com traficantes que depois os vendiam na América como escravos.
3 – Os africanos e suas culturas.
Os africanos trouxeram para cá, não só a sua força de
trabalho, mas também a sua cultura, modo de falar, de se comportar, culinária e
religião.
Na culinária temos como exemplo o Bobó de Camarão prato à
base de camarão e mandioca temperado com pimenta e azeite de dendê, o Vatapá
prato que tem como base camarão e peixe, também leva frutas oleaginosas como o
amendoim e a castanha além do tradicional azeite de dendê. O quibebe é uma “Espécie
de purê elaborado com abóbora do tipo cabotian, normalmente temperado com alho
e cebola”[2] o vocábulo
provavelmente seria de origem africana do termo quimbundo “Kibebe”, que
significa papa de abóbora[3].
O mungunzá é um doce feito de milho branco e coco contendo
também canela e cravos, esse prato é utilizado também em rituais tanto da
umbanda quanto do candomblé.
Bobó de camarão. |
Mungunzá. |
Quibebe |
Vatapá |
Na nossa língua temos algumas palavras de origem africana
como, por exemplo: Angu: massa de farinha de trigo ou de mandioca ou
arroz.
Batuque: dança com
sapateados e palmas.
Banguela: desdentado.
Cafuné: carinho.
Ginga: Movimento corporal
na capoeira, na dança e no futebol.
No campo da religião temos um problema com as más
interpretações principalmente feitas pelos líderes e adeptos do cristianismo.
As religiões africanas ou afro-brasileiras são vistas como maléficas e seus
adeptos como bruxos que praticam magias para conseguir as coisas, normalmente
conhecemos essas religiões pelo nome pejorativo de macumba. O termo "macumba" também é
utilizado, da mesma forma, para designar a oferenda para os Orixás quando o
correto é ebó. No entanto, na verdade, esse termo refere-se ao instrumento
musical.
Temos dois ramos de religiões afro-brasileiras bastante conhecidas
o Candomblé e a Umbanda.
O Candomblé, ao contrário do que se pensa, é uma religião que
nasceu em solo brasileiro e também é praticada em outros países da América do
Sul e Central. Trata-se de uma religião politeísta na qual os Orixás são os
deuses, cada um deles tem uma personalidade que influencia os praticantes dessa
religião, quando um orixá influência uma pessoa essa é chamada de “filha(o) de
Santo”, essa personalidade do orixá pode misturar-se com a de outros o que faz
a pessoa tenha características de mais de um orixá.
Os deuses do candomblé também são detentores da tristeza e da
felicidade dos seus “filhos”, quando vemos uma oferenda nada mais é do que um
pedido feito por um “filho” para o seu orixá. Nessa religião também não
comportamentos certos ou errados e nem bons e maus[4].
Já a Umbanda é um pouco diferente, ela possui elementos de
diversas culturas que ajudaram a formar o Brasil, possui elementos do
espiritismo kardecista, cultos afro-brasileiros, catolicismo, de rituais
indígenas e até alguma influência de ideias esotéricas. Essa religião adota em
seu culto personagens urbanos e caboclos indígenas também acreditam na
reencarnação como os kardecistas e também fazem diferenciação entre o bem e o
mal. As entidades umbandistas vêm do catolicismo, ou seja, os santos católicos,
sendo São Jorge um dos mais famosos.
4 – A travessia.
No litoral africano homens, mulheres e crianças embarcavam
nos navios negreiros, embarcações pequenas e precárias. As viagens duravam
pouco mais que um mês, a água potável era pouca assim como a comida, alguns
escravos se arriscavam a tomar água do mar e por isso adoeciam.
Chegando ao Brasil os escravos eram avaliados, examinados e
comprados, o preço variava de acordo com sexo e idade. Como eram propriedade de
outra pessoa os escravizados podiam ser vendido, alugados ou leiloados.
“No Império, os traficantes eram considerados empresários de
sucesso e possuíam um status social elevado, armando embarcações com destino à
África, servindo-se de uma rede de fornecedores e agentes comerciais em vários
países e empregando muitas pessoas. Até 1831 estiveram entre os homens mais
ricos do Império, com ligações estreitas com a Corte e representantes na Câmara
de Deputados, além de contar com a conivência da polícia e das autoridades
locais. Somente após 1850, com a Lei Euzébio de Queiroz, começaram a ser
qualificados como “piratas”, tendo muitas vezes de fugir para o exterior.
No entanto, sob a proteção dos latifundiários, que como
compradores de escravos jamais foram punidos, foram autorizados a voltar a
viver no país já nos anos 1860 e incentivados a aplicar suas fortunas em outros
negócios, como a agricultura. De certa forma, portanto, a participação de
brasileiros no tráfico negreiro e as benesses que receberam fazem parte de um
processo que ajudou a plasmar as elites do país nas entranhas da sociedade
escravocrata brasileira”·.
Foto de um navio negreiro. |
5 – O Trabalho.
No Brasil, o trabalho escravo predominou em quase todos os
setores econômicos.
Além do setor da produção de açúcar, foi empregado também: na
agricultura de abastecimento interno; na criação de gado
nas pequenas manufaturas; no trabalho doméstico; e em toda
ordem de ocupações urbanas.
O trabalho de escravo durava entre 12 e 15 horas por dia. O
trabalho braçal na agricultura, na carpintaria e de ferreiro era mais comum aos
homens, já as mulheres se ocupavam de trabalho domésticos comércio, cuidando de
doentes etc. Havia também africanos libertos que conseguiam sua alforria[5].