Durante o século XVI os portugueses só haviam ocupado a parte
litorânea do território que hoje pertence ao Brasil, isso acontecia por causa
do difícil acesso ao interior oferecido pelas barreiras naturais e também pela
resistência oferecida pelos indígenas.
O avanço só foi possível pelas ações dos soldados, dos
bandeirantes, dos jesuítas e dos criadores de gado.
1 –A ocupação.
- Soldados – para evitar
que piratas europeus como os holandeses, franceses, e ingleses invadissem
o litoral brasileiro a União Ibérica enviava soldados para proteger o
litoral. Esses soldados ergueram fortes que estão na origem de várias
capitais brasileiras.
- Os bandeirantes – No
início da colonização o governo português organizou as entradas, expedições
oficiais que entravam pelo sertão para
procurar ouro e pedras preciosas. Já as bandeiras eram expedições
particulares que saíam de São Paulo com o objetivo de capturar índios e
achar ouro e pedras preciosas.
"Bartolomeu Bueno da Silva ganhou o codinome de Anhangüera – em tupi guarani significa homem que faz fogo – porque quando estava nas Guianas, então terras brasileiras, procurando ouro e pedras preciosas, foi cercado por vários índios, que o ameaçaram de morte. Para se livrar da situação, ateou fogo em um pouco de álcool, produto desconhecido dos índios, que pensavam tratar-se de água. O bandeirante ameaçou fazer o mesmo em todo o rio. Assustados, os nativos entregaram todo o ouro de que dispunham. Acompanharam-no de volta à Capitania de São Paulo e ainda se dispuseram a ser seu exército. A obra foi concebida em Gênova, na Itália pelo escultor Luiz Brizzolara e inaugurada em 11 de agosto de 1924, nos jardins do Palácio dos Campos Elíseos. Depois de 11 anos foi transferida para a frente do parque Trianon." http://www.monumentos.art.br/monumento/anhanguera
Domingos Jorge Velho, o bandeirante (DETALHE)
Benedito Calixto (Brasil 1853 — 1927).
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São Paulo, a capital bandeirante - o
povoado de São Paulo, ao contrário das cidades açucareiras da Região Nordeste,
teve um crescimento lento. Os paulistas daquela época pensavam que o
enriquecimento poderia vir do sertão. Por isso decidiram organizar expedições
chamadas bandeiras. Essas eram formadas normalmente por sertanistas
experientes, jovens brancos, alguns mamelucos e índios que serviam de guias.
Existiram três tipos de bandeirismo:
caça ao índio, busca de ouro e diamantes e o de contrato.
A
caça ao índio – Eram as expedições que invadiam missões para
escravizar índios. As principais bandeiras desse tipo foram chefiadas por
Raposo Tavares.
A Rodovia Raposo Tavares possui a mesma rota do bandeirante. |
A
busca de ouro e diamantes – Expedições que
iam em busca de pedras preciosas e ouro, a principal que depois deu origem a
outros caminhos foi guiada por Fernão Dias, quando os bandeirantes encontraram
ouro passaram a organizar as monções que eram expedições comerciais feitas de
canoa que seguiam pelos leitos dos rios.
Fernão Dias Paes Leme, escultura exposta no Museu Paulista. |
O
sertanismo de contrato – Eram as bandeiras
contratadas por grandes donos de terras para combater índios e afrodescendentes
que fugiam da escravidão. A mais conhecida foi a que derrotou o Quilombo dos
Palmares, em 1694.
Resistência Indígena – os índios não aceitavam a dominação portuguesa, eles resistiam
por meio de revoltas, suicídio e fugas para o interior. Os indígenas, mesmo com
armamento inferior conseguiram vencer duas batalhas importantes Caasapaguaçu,
em 1638, e a de M´boboré, em 1641.
- Os jesuítas – As missões
eram locais onde os índios trabalhavam e eram iniciados no Catolicismo.
Muitos jesuítas combateram a escravidão indígena, em 1680 o Padre Antônio Vieira
conseguiu que o rei de Portugal aprovasse o fim da escravidão indígena o
que gerou revoltas, principalmente no Estado de Grão Pará e Maranhã. A
Revolta de Beckman – foi uma revolta ocorrida no Grão-Pará e Maranhão,
liderada por Manuel Beckman, que se iniciou com a lei que pôs fim à
escravidão indígena que era mão-de-obra principal do comércio e extração
das drogas do sertão. Para não deixar os colonos sem assistência o governo
português criou a Companhia de Comércio do Maranhão que tinha como função
vender escravos africanos, além de ferramentas e roupas, mas a companhia não
cumpriu o acordo e a revolta começou com ataques aos armazéns da companhia
e ao colégio dos jesuítas em São Luís, os rebeldes foram reprimidos e
Manuel Beckman foi condenado à morte.
- A Criação de Gado – o
gado foi introduzido na Região Nordeste para mover os moedores de cana,
mas como pisavam e amassavam a plantação, o gado começou a ser criado em
regiões mais afastadas, a resistência dos bovinos ao clima seco também
favoreceu a sua entrada para o interior do nordeste. A criação de gado no
sul do Brasil começou depois da destruição das missões, os animais que ali
eram criados se espalharam pela região e começaram a atrair pessoas que
caçavam o gado e usufruíram dos recursos obtidos (couro, carne, etc). Essa
exploração levou os portugueses a ocuparem terras até o sul do território
que hoje pertence ao Uruguai. O charque (carne seca produzida no sul do Brasil)
e os animais serviam à mineração na região Centro-Sul.
2 – A formação das fronteiras do
Brasil.
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Tratado
de Utrecht (1713) – feito entre Portugal e
França definiu o Rio Oiapoque a fronteira ao norte do Brasil entre a Guiana
Francesa.
Fronteira com a Guiana Francesa no Rio Oiapoque. |
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Tratado
de Madri (1750) – estabeleceu que a Colônia
de Sacramento pertencia à Espanha e que a área dos Sete Povos das Missões
pertenceria a Portugal.
http://araoalves.blogspot.com.br/2012/06/sugestao-de-estudo-complementar-para-o.html |
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Tratado
de Santo Ildefonso (1777) – Os espanhóis
ficaram com o território dos Sete Povos das Missões e da Colônia de Sacramento
e devolviam a Portugal terras ocupadas do atual Rio Grande do Sul.
csm7anoa.pbworks.com |
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Tratado
de Badajós (1801) – Os portugueses ficaram
com o território dos Sete Povos das Missões e a Espanha com a Colônia de
Sacramento.
Os últimos dois tratados foram necessários por causa da
resistência guarani nas terras da Sete Povos das Missões, essa resistência
ficou conhecida como Guerra Guaranítica, nesse período ganhou fama o cacique Sepé Tiaraju que liderou os índios na resistência e acabou sendo criada uma
imagem mítica sobre sua história.
Painel em azulejos de Danúbio Gonçalves Painel que conta a História do Rio Grande do Sul. |
No detalhe do painel acima está o Cacique Sepé Tiaraju. http://eugeniohansenfotos.blogspot.com.br/2009/01/memorial-da-epopia-riograndense-danbio.html |